quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Esse mal que me atromenta

Acham que és um máximo: Uma lutadora, persistente e sonhadora.
Pensam que adoras: Viajar, conhecer pessoas novas, passear.
Mas não sabem quem tu és.
Nao conhecem aquela que te consegue fazer esquecer todos os objetivos.
Não conhecem o teu medo, a tua ansiedade.
No fundo sim, tu lutas e sonhas, tu persistes. Mas tu também te vais abaixo, tu choras e desistes...
Vivi recentemente uma fase da minha vida em que precisei lutar contra ela: a ansiedade que me assombra e enfraquece!
Tão perto de um objectivo e a querer desistir; tão perto de um sonho e a querer ser outra pessoa... alguém sem medos, ou alguém sem sonhos!
A noite é a maior inimiga e a solidão a sua companheira.
Sozinha nunca teria conseguido... sozinha eu nunca teria ido... pk por mais que eu quisesse lutar, ela estava sempre lá a dizer-me para parar.
Os pensamentos negativos invadiam a minha mente, as possibilidades de correr mal eram infinitas e a sensação de desespero parecia constante.
Tenho alguem que me incentiva e nunca me deixa totalmente sozinha. Tenho a sorte de ter alguém que mesmo não compreendendo não me deixa sofrer... não me quer ver a chorar. E esse alguém acredita que eu consigo. Basta isso pra eu acreditar... e quando eu acredito , eu consigo!
Tenho noção que a ansiedade me afetou e afeta, em fases mais complicadas da minha vida, mas também tenho a certeza de uma coisa: sou o que sou por causa dela. Ultrapassei obstáculos que me fazem sentir mais forte e lutadora.
Sei que no futuro numa situação idêntica vou voltar a passar pelo mesmo. Isso nunca irá mudar... mas eu mudei... porque me sinto mais forte.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Uma carta de S. (sobre violência psicológica)


A violência contra a mulher nas relações amorosas aumenta de dia para dia:

Jovens e adultxs acham normal proibir as namoradas de sair com as amigas; "cuscar" as mensagens do telemóvel ainda mais normal é; usar decotes quando se é comprometide é quase uma traição, e insultar a companheira quando se está chateade é mais um acto comum...

Acho que nunca é demais o contacto com esta realidade.
Conhecer pessoas e as suas histórias, pode ser um abre olhos para muitas outras nesta mesma situação, um apoio, ou um simples "não estás sozinhe" .

A violência psicológica é muitas das vezes vista como "não tão grave" como a violência física, e talvez também por isso, muitas vítimas nunca cheguem a apresentar queixa.
No entanto, a realidade é que a violência psicológica deixa marcas irreversíveis e, por vezes, pode ser ainda mais grave do que a física, a qual também nunca vem sozinha.

Hoje tenho a carta de uma leitora, a qual vamos chamar de S.
Este um caso de violência mas também de libertação.

"Eu podia começar por dizer que este relacionamento começou como qualquer outro, mas a verdade é que não foi assim. Começou num cenário de infidelidade por parte da outra pessoa e, como eu digo sempre, não se pode construir nada de positivo e


duradouro em cima de alicerces podres.
Apesar disso, no início as coisas correram de uma forma relativamente tranquila. Não tardou muito até começarem os ataques de ciúmes da parte dela por causa de coisas que eu punha no facebook ou de comentários que eu fazia publicamente no meu mural. Chegou a um ponto em que começou a implicar tanto com algumas pessoas que estavam nas minhas amizades e eram mais participativas que me levou a bloqueá-las. Manipulou-me de uma forma que me levou a deixar de falar com toda a gente. Isolei-me de toda a gente e ela era a única pessoa com quem eu falava. Isto, claro, quando, ela tinha tempo pra mim porque sempre manteve o casamento e eu quase não podia estar com ela. Desde muito cedo ela me dizia que ia deixar o casamento, que não se sentia feliz e que queria ficar comigo. Fez-me acreditar que valia realmente suportar o sacrifício da espera. Só que comecei a achar que aquilo era só conversa e que ela nunca iria mudar a situação. Comecei a sentir-me como a típica amante que só se encontra às escondidas em quartos de hotéis manhosos. Comecei a sentir-me usada. Sentia que os planos de futuro dela não me incluíam. Nunca fizemos nada juntas. Nunca fomos ver montras, nunca fomos ao cinema, nunca fomos almoçar ou jantar fora juntas... nada. E comecei a cobrar. Comecei a exigir mais. E aí ela começou a rebaixar-me, a inverter os papéis. Dizia que eu lhe fazia a vida num inferno, simplesmente porque eu queria viver. Eu queria poder viver um amor pleno e não ficar apenas a viver dos restos de outra pessoa. Quando eu lhe dizia que queria sair mais de casa, que precisava de falar com pessoas, ela ameaçava terminar comigo. E eu acabava por ficar prisioneira de uma situação completamente doentia. E passava dias a fio em casa, sozinha, a mendigar mensagens de texto dela quando lhe apetecia mandar alguma. Fez-me sentir a pior pessoa à face da Terra, fez-me sentir que eu é que estava errada, que eu é que era nociva, quando na realidade era ela que estava a viver uma vida dupla, com um casamento e um relacionamento extra conjugal comigo. Acusou-me das piores coisas e vivemos um verdadeiro inferno de trocas de insultos e acusações por mais de 3 meses. Apaguei os contactos dela mas ela voltava sempre para mais acusações e insultos. Não me queria nem me deixava seguir em frente. Parecia que sentia prazer em me fazer mal. Em me humilhar. Até que por fim ela me disse coisas como "não és nada pra mim" e "foste a maior desilusão da minha vida". Isso realmente foi o ponto final de tudo pra mim. Ganhei-lhe uma raiva de morte e decidi nunca mais falar com ela. Ainda estou a reconstruir a minha auto-estima, que ela destruiu completamente. Não sei se algum dia amarei de novo, mas sei que não quero mais aquela vida pra mim." S.

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sexta-feira, 8 de julho de 2016

Liora K. - The Feminist Project

Liora gosta de contar histórias com os seus trabalhos fotográficos. É feminista, e produz a sua arte com o objectivo de mudar mentalidades. 
A fotografia não é só um trabalho, é uma forma de mostrar o que acredita e defende perante o mundo.
Nasceu em 1988 e foi criada em New Jersey no seio de uma família de Judeus. Diz que sempre foi uma boa leitora e uma péssima oradora. Talvez por isso tenha optado pela fotografia, que fala por ela.
O feminismo faz parte da sua vida pois não consegue acreditar que sejamos definidx pelo que temos no meio das pernas. Considera-se uma feminista interseccional e diz acreditar no poder do mesmo. 

Conheci Liora K e o seu trabalho devido ao seu projecto "Feminist Project"

Interseccional ou não, a verdade é que estas são imagens poderosas e marcantes:
Frases feministas escritas em corpos de mulher nus. 
Imagens para algunx consideradas chocantes, para outrx necessárias e empoderadoras.

O projecto surgiu quando a artista se apercebeu do machismo existente no mundo em que vivia; numa altura em que se falava muito do aborto e em que as violações sexuais eram cada vez mais recorrentes (2012).
Liora sentiu a necessidade de produzir uma resposta imediata e impactante usando a sua arte. 

A artista não pode ser considerada um ícone feminista, mas a sua arte é!
Por isso seguimos para algumas das fotos do seu projecto feminista. 

Podem encontrar todas as fotos no álbum do nosso facebook .












Liora é também uma activista pelos direitos LGBTQ+ 

"Feminism is not just about advocating for women, but about advocating for those who are being denied equal rights... one group cannot advance in their cause without supporting others who are in the same sitiation"



UmaCabeleireiraFeminista



sexta-feira, 24 de junho de 2016

PRIDE 2016

No próximo dia 2 de Julho realiza-se a Marcha LGBTQ+ 2016 no Porto, pelas 15horas com início na Praça da República.






Este movimento começou por se chamar GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) que mais tarde evoluiu para LGBT (lesbicas, gays, bissexuais, transsexuais e transgéneros). Hoje, usa as siglas LGBTQIAPD ou LGBTQ+ , um termo muito mais abrangente que envolve lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, trânsgeneros, queer, interssexuais, assexuais, panssexuais e demissexuais.



A marcha surgiu em Stonewall, quando, na década de 60, um bar frequentado por gays e lésbicas foi invadido pela polícia. Inocentes foram agredidos e presos, o que revoltou a comunidade. Nesse mesmo ano, em 28 de Junho mais de 2000 pessoas invadiram as ruas como protesto ao acontecimento. Desde então o dia 28 de Junho é o dia oficial do orgulho gay e nesse mesmo mês são organizadas paradas e marchas por todo o mundo


Qual o significado da marcha LGBTQ+ e porque é importante?

A parada tem como objectivo conscientizar as pessoas da diversidade existente na sociedade e que todos merecem, para além de respeito, os mesmos direitos. 
A marcha LGBTQ+ é também um espaço de visibilidade das comunidade não heterossexual e onde todos nos sentimos seguros e apoiados.  Vamos mostrar a todos que estamos aqui prontos para lutar pelos nossos direitos e que ninguém nos vai impedir... ao mesmo tempo que celebramos o amor e a diversidade.
É um evento contra a LGBTQ+fobia que infelizmente ainda faz parte do nosso coitidiano. 

Este ano é principalmente importante, depois do ataque lgbtfóbico em Orlando, que nos mostrou que o ódio ainda consegue vencer ao amor.


LISBOA 2016




COLOMBIA 2016




BRASIL 2016


ÍNDIA Dezembro 2015


Em breve no Porto. Apareçam. São todos bem vindos.
Contra a discriminação. 
Pela igualdade. 



 UmaCabeleireiraFeminista

quarta-feira, 22 de junho de 2016

A culpa

Lembro-me daquele dia na escola em que fui convidada para participar naquele jogo divertido.
Não era suposto fazer mal, não era suposto fazer sentido.
Era só um jogo... divertido.

Afinal não era só um jogo.
Ou pelo menos não para eles.
Talvez uma tentativa de atear o fogo?


Foi uma "cilada".
A que um dia me encheu de lágrimas ... 
E hoje me dá poder!


São as experiências que nos fazem erguer, corrigir os erros e aprender.
São estas "ciladas" que nos dão poder, porque nos fazem crescer.

Eu era apenas uma adolescência na descoberta do meu corpo. 
Era desinibida e inocente. Inocente apenas no sentido em que achava que podia fazer e dizer o que quisesse sem consequências. 
Não enxergava o mundo como hoje. Via-o pacífico e sem preconceito.
Então pronto... eu e umas amigas decidimos ir jogar um jogo com (na maioria) rapazes da nossa turma. 

- Muito resumidamente, o jogo consiste em dar beijos e essas coisas de adolescente dos anos 90 -


A "cilada" capturou-me num ápice.
Bastou uns beijos e uns apalpões.
E ela torturou-me durante anos.

Primeiro foram eles...
Depois vieram elas...

Como se aquilo resumisse tudo o que eu sou... tudo o que eu algum dia fui.
Como se aquele jogo, aquela brincadeira, aquele acto de pura liberdade, fizesse de mim menos digna.

Eu era a puta, eu era a vaca.
Eu era aquela que todos olhavam de lado...
Todos queriam foder, mas ninguém queria amar.

Provavelmente achavam-me promíscua...
Mas a criança ainda nem sequer sabia se gostava de homens ou mulheres!
Eu nem sequer sabia que podia simplesmente nunca vir a amar... ou amar múltiplas vezes ou múltiplas pessoas.


A culpa transformou a minha mente.
Ela mudou o meu corpo.
Conseguiu apoderar-se de mim de maneira a que as minhas acções e atitudes fossem sempre ao seu encontro.

A culpa.
Ela gere a nossa vida.
Faz-te sentir menor.
Faz-te habituar a sentir sofrida.

Habituar ao sentimento
De que tudo o que sentes por dentro 
Faz de ti o julgamento


Essa culpa parecia infinita mas um dia começou a desvanecer e hoje ela já não mora cá dentro.
Vocês que um dia me transformaram num ser pequeno e quebrado, contribuíram para que hoje, esse ser esteja composto e reforçado. 


Hoje luto para que mais nenhuma menina se sinta culpada. 
Luto para que eles nunca mais nos julguem. 
Para que eles não nos acusem. 
Para que eles não nos culpem.
Para que eles não nos violem.
Para que eles não nos agridam.
Para que eles não nos matem.

Hoje luto pela morte do machismo.

Porque foi ele que me fez sentir culpada.

E foi o feminismo que matou a minha culpa.



UmaCabeleireiraFeminista

domingo, 19 de junho de 2016

Como falar com sua filha sobre seu corpo: Não fale

Vagueando pelo facebook dei de caras com este texto que decidi partilhar com vocês pois achei fantástico:

"Como falar com sua filha sobre seu corpo, passo um: Não fale com sua filha sobre seu corpo, exceto para lhe ensinar como ele funciona.
Não diga nada se ela perdeu peso.
Não diga nada se ela ganhou peso.
Se você acha que o corpo de sua filha parece incrível, não diga isso. Olha algumas coisas que você pode dizer em vez disso:
"Você está tão saudável!" é ótimo.
Ou talvez, "Você parece tão forte."
"Eu vejo como você está feliz. Você está brilhando."
Melhor ainda seria elogiá-la em algo que não tem nada a ver com seu corpo.
Não comente sobre os corpos de outras mulheres também. Não. Nem um único comentário, não um comentário agradável ou um comentário maldoso.
Ensine-a a ser bondosa para com os outros e também bondade para com ela mesma.
Não se atreva a falar sobre o quanto você odeia seu corpo na frente de sua filha ou falar sobre sua nova dieta. Na verdade, não faça dieta na frente de sua filha. Compre comida saudável. Cozinhe refeições saudáveis. Mas não diga: "Eu não estou comendo carboidratos agora." Sua filha nunca deve pensar que os carboidratos são ruins, porque vergonha sobre o que você come só leva a vergonha sobre si mesmo.
Incentive sua filha a correr para sentir-se melhor. Incentive sua filha a escalar montanhas pois não há lugar melhor para explorar sua espiritualidade do que o pico do universo. Incentive sua filha a surfar, ou escalar, ou moutain bike porque isso a assusta e as vezes é uma coisa boa!
Incentive a sua filha a amar futebol ou Hockey ou Remo pois esportes vão ajudá-la a ser uma líder melhor e uma mulher mais segura.. Explique-lhe que não importa quantos anos você tem, você nunca vai parar de precisar de um bom trabalho em equipe. Nunca a obrigue a jogar um esporte que não goste.
Prove a sua filha que as mulheres não precisam de homens para mover seus móveis.
Ensine sua filha a cozinhar couve.
Ensine sua filha a assar bolo.
Passe a ela a receita de bolo de Natal da vó. Passe a ela o seu amor por estar fora de casa.
Talvez você e sua filha tenham coxas grossas ou costelas largas. É fácil odiar essas partes do corpo que não são tamanho-zero. Não odeie. Diga a sua filha que, com suas pernas, ela pode correr uma maratona se ela quiser, e sua caixa torácica não é nada além de uma proteção para fortes pulmões. Ela pode gritar e ela pode cantar e ela pode levantar-se do mundo, se assim quiser.
Relembre a sua filha que a melhor coisa que pode fazer com o seu corpo é usá-lo para movimentar a sua bela alma."
~ Sarah Koppelkam





sábado, 18 de junho de 2016

Juntas



Mana dá-me a mão
Vem comigo caminhar
Não olhes para o chão
Pra frente deves olhar

Gritamos em conjunto
Sentimos a mesma dor
Amiga vamos junto
Partilhar o nosso amor

A luta continua
Para toda a mulher
E se eu quiser ir nua
Ele não mete a colher

Contigo não tenho medo
Contigo eu estou segura
Contigo de mãos dadas
Eu travo esta luta dura

Mana do coração
Vens comigo caminhar
Não olhamos para o chão
Para a frente é o lugar




UmaCabeleireiraFeminista