segunda-feira, 30 de maio de 2016

Por todas elas. Por todas nós.


Uma rapariga foi violada por mais de 30 homens.
Uma adolescente.
No Brasil.
Era prostituta.
Não sei porquê isso tornou-se a desculpa.
O vídeo do acto foi divulgado na internet.
Milhares de homens nojentos partilharam (e algumas mulheres também).
Ela era toxicodependente.
Era prostituta.
Dizem que gostou.
Mas a verdade é que aquilo foi uma violação.
Nao percebem a diferença entre sexo consentido e uma violação.
É por isso que o mundo está empregnado de machismo.
É por isso que justiça não é feita.
Mais uma vez...a culpa é da vítima.
Por isso é que ainda precisamos de lutar!
Em todo o mundo estão a ser organizadas manifestações.
No Brasil já começaram. Em Portugal vão começar.
Conto com voces todas(os) dia 1/6 no Porto, Coimbra em Lisboa. Vamos lutar contra a cultura do estupro, contra o machismo, por todas elas e por todas nós.
Por um mundo feminista!
Um #junhofeminista.



UmaCabeleireiraFeminista

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Eu estava a pedi-las


Esta tarde, ía eu a pé para o trabalho quando ouço, vindo de um carro, um grunhido estranho que parecia o barulho de um beijo. Olho para o lado e era um velho qualquer nojento que se tinha dado ao trabalho de abrandar o carro para me mandar um beijo. 
Um homem que não me conhecia de lado nenhum. 
Ignorei. Ele continuou... 
e como já é meu costume nestes casos, fiz-lhe um manguito, gritei uns insultos quaisquer e continuei o meu caminho. 

Isto acontece-me várias vezes. 
Quando era mais nova sentia-me tão mal e envergonhada com estas situações que só queria um buraco para me esconder. 
Hoje em dia sinto nojo. 
Não de mim. Desses gajos que não sei por alma de quem, acham que têm o direito de invadir o meu espaço e das outras mulheres que vão na rua para, segundo eles, nos elogiarem. 
Pois para mim isso não foi nenhum elogio. Para mim isso é assédio. 
Foi assédio!

O pá... pensando bem... a culpa foi minha! Eu é que tinha a manga do casaco descaída e via-se o meu ombro sexy. Nenhum homem conseguia resistir.

UmaCabeleireiraFeminista

quinta-feira, 26 de maio de 2016

O quotidiano de uma cabeleireira feminista



ATENÇÃO anti-feministas: 
Sou cabeleireira, adoro arranjar cabelos, adoro moda e estética e gosto de me maquilhar mas sou feminista! 
Como será isso possível se as feministas não se podem maquilhar nem andar de saltos altos, quanto mais arranjar o cabelo de mulheres que só são felizes depois de um bom brushing?! 
Espantem-se: É possível.
Este post não serve para vos explicar nada sobre a liberdade de escolha. Foi só um aparte, uma piadinha de bom gosto.

Ser cabeleireira e feminista é sem dúvida um desafio, mas por outros motivos. 
Num salão de cabeleireiro não se arranjam só cabelos, compõem-se almas... umas tristes, algumas brevemente preenchidas, outras apenas vazias! 

São comuns os comentários sexistas, tal como no nosso dia-a-dia, em qualquer estabelecimento, a qualquer hora do dia.
A diferença é que nos outros sítios eu posso ignorar, mas no meu local de trabalho não tenho para onde fugir. Principalmente porque as clientes têm tendência para nos pedir opinião sobre os mais diversos assuntos. No fundo, garanto-vos, elas não querem a nossa verdadeira opinião, elas só querem que eu concorde com elas e lhes dê razão e isso para mim... é o verdadeiro martírio. 
À medida que vou conhecendo as minhas clientes vou percebendo as suas diferenças. Consigo apontar quais as mais retrógradas, com as quais o melhor é mesmo estar calada e abanar com a cabeça; aquelas com uma mente mais aberta, as que até querem saber a minha opinião; e aquelas que nem são carne nem peixe e com essas vale mesmo a pena falar pois ficam a pensar no assunto.

Vou-me apercebendo que o machismo está como que plantado na cabeça das pessoas de tal maneira que ás vezes tenho a impressão que algumas precisavam de morrer e nascer de novo, e só assim conseguiam alcançar. O problema está no facto de não verem o problema; de não se aperceberem que o são. Admitir será sempre o primeiro passo para se começar a desconstrução. 

O comentário mais comum que ouço no salão é relativo ao aspecto das mulheres a partir de certas idades. A conversa, por norma, começa devido ao meu cabelo. Geralmente olham e observam durante um tempo, de seguida elogiam... e depois vem o "mas..." e começa a verdadeira "discussão" ! 

-"Fica-lhe muito bem mas isso é a si que é nova..." 

- "Mas porque? eu adoro ver velhinhas de cabelo colorido além disso vou ser assim para sempre" 

- "Ah isso é o que você diz... depois vai ver que fica ridículo!" 

- "Não acho, veremos :)"

- "Ai já viu? As vezes vejo cada uma, para aí com 60 anos e de mini saia, só lhes faltava o cabelo cor de rosa também" "Uma mulher tem de se saber pôr no seu lugar" 

Quando tenho o cabelo branco:
- "Eu assim parecia uma velha"

- "mas há tantos homens de cabelo branco e não parecem velhos"

- "Um homem é diferente, nunca parece tão velho como uma mulher" (Tipo... REALLY?)


Bem, acho que chega para perceberem o quão chato isto é para uma pessoa como eu. Custa-me ainda muito ouvir isto de algumas pessoas nas quais deposito alguma esperança... porque são mais novas, mais 'abertas' ou simplesmente mais simpáticas. Nesta altura percebo: "menos uma". 
Será que vai chegar o dia em que tudo isto me é indiferente (dentro do salão), ou será que vou continuar a gastar o meu latim? 

UmaCabeleireiraFeminista

quarta-feira, 25 de maio de 2016

As Anti-feministas


Com o crescimento do movimento feminista nos últimos anos, cresceu também o movimento anti-feminista. As anti-feministas estão em voga, elas opõem-se ás ideologias feministas, contrariando-as afincadamente.

Neste post eu vou falar apenas no feminino. Vou falar de mulheres anti-feministas porque são elas que deviam entender o movimento, são elas as oprimidas, são elas o "sexo fraco", são elas as "mulherzinhas"... não eles.

Em pesquisa no facebook, Twitter e até no google, podemos encontrar várias páginas que apoiam o movimento anti-feministas, bem como artigos de anti-feministas famosas com as suas próprias ideologias.

Uma delas é a Brasileira ex-feminista, ex-nazi, ex-sei lá o que mais, Sara Winter:

Sara participou na criação do grupo feminista Femen e foi fundadora de outros movimentos feministas até que certa altura, em 2015, renegou a tudo o que antes defendera e começou a sua militância contra o feminismo. A, agora Cristã, Sara Winter revelou mais tarde que as feministas a obrigavam a ser lésbica e fazer abortos, entre outras coisas... (W?H?A?T?) !

Sara é agora uma mulher pró-vida, cristã e mãe, que até já escreveu uma bibliografia chamada "Sete vezes que fui traída pelo feminismo". É famosa, recatada e do lar, só que não. Infelizmente esta mulher é um ídolo para muitas jovens que sem saber no que consiste realmente o Feminismo, seguem Sara e o seu movimento (se não pensar nisso até dá vontade de rir).

As anti-feministas têm mil e uma razões e justificações para o seu movimento; No entanto e na minha opinião, metade delas está completamente enganada em relação à definição de Feminismo, e a outra metade é retrógrada e católica.

Em vez de escrever decidi colocar aqui mesmo umas imagens com as caras e frases das ditas anti-feministas. Assim talvez consigamos compreender as suas razões... eu vou pelo menos tentar.

Eu não sou feminista porque:

 

1 a 1 a a a a anti nao sou fem aborto.png

1. Sou contra o aborto porque Deus é que manda na vida.

 

feminismo1

2. Se eu beber demais e for violada a culpa é minha porque estava vulnerável e "homem é homem".

 

mac polonesa nao precisa de feminismo

3. Eu adoro quando vou na rua descontraída e homens entram no meu espaço sem eu dar autorização para me chamarem de gostosa.

 

tumblr_ndh0fk1PcZ1syitgfo1_500

4. A mais famosa: Porque eu NÃO odeio homens.

 

1 a 1 a a a a anti feministas sao machos mal acabados.png

5. Acredito que todo o homem deve trabalhar para sustentar a família e toda a mulher deve ficar em casa a cuidar dos filhos e obedecer ao marido porque esses são os seus papeis, provavelmente ditados por Deus, algures na bíblia.

 

women_against_feminism15

6. Quero ser amiga de homens e se for feminista não posso.

Foto post.jpg

7. Se for violada ou mal tratada de qualquer forma não devo contar nem fazer queixa pois isso seria vitimizar-me. Além disso vivemos numa sociedade onde os homens e as mulheres já têm os mesmos direitos.

 

Elas têm todas algo em comum: são conservadoras e não conseguem aceitar o mundo em que vivemos agora; não aceitam a evolução e são as que dizem "este mundo está perdido" e "já nada é como antes". São mulheres que viviam bem na escuridão, mulheres que se contentam.

Segundo elas, já não há cavalheirismo e os homens não respeitam as mulheres porque elas não se dão ao respeito.

Antigamente é que era! A mulher obedecia toda contente, tratava da casa e das crianças e à noite fazia o servicinho para agradar o marido. Todas casavam virgens e claro por isso, dizem elas, não havia prostituição (o que obviamente sabemos que é mentira). Ele ficava feliz, trazia o dinheirinho para casa e elas não tinham nada com que se preocupar.

A estas mulheres podia dizer muita coisa, podia tentar explicar o quanto somos injustiçadas, mandar ler um livro sobre estatísticas ou ver um filme sobre a ascendência do movimento, mas de nada ía adiantar, nem para elas, nem para nós. É preciso existir sororidade* entre as irmãs, é preciso haver paciência e vontade de amparar aquela que um dia vai caír e precisar da nossa ajuda.

Já me disseram a mim, que nós feministas desejamos até que outras mulheres sejam violadas para se juntarem a nós.

Não! Nós simplesmente sabemos que toda a mulher sofre com opressão e machismo no dia-a-dia; nós simplesmente sabemos que toda a mulher é feminista, só não sabe o que é o feminismo; nós sabemos que algumas se acham privilegiadas pelo machismo mas que um dia irão perceber a opressão que vem junto; Nós simplesmente sabemos que todas as mulheres querem igualdade de género (mesmo que ainda não tenham percebido); e sabemos que o feminismo, embora possa ir muito mais longe, defende a igualdade de género. Por isso parem de ser do contra porque está na moda; parem de ser anti-feministas porque gostam de se maquilhar e andar de salto alto; parem de nos odiar porque não querem ser lésbicas nem fazer abortos.

Isso não é o feminismo.

O feminismo não vos odeia, o feminismo defende-vos.

Nós defendemos a mulher.

E é por isso que ainda precisamos de lutar...

"Nem santa, nem puta, apenas Mulher!"

 


*Pacto entre as mulheres que são reconhecidas irmãs, sendo uma dimensão ética, política e prática do feminismo contemporâneo.
UmaCabeleireiraFeminista
umacabeleireirafeminista.wordpress.com

Todas mulheres. Todas feministas.


Todas/os sabemos o que é o feminismo e o que este defende: igualdade de género.
No entanto, existem várias vertentes do feminismo, vários grupos feministas distintos e feministas que condenam outras feministas.
As principais vertentes são: o feminismo negro, o interseccional, o radical e o liberal.
Quando as mulheres começaram a sua luta pela igualdade foram-se apercebendo que independentemente do género ser o mesmo, havia outras coisas pelas quais era preciso lutar, coisas que nem todas defendiam, pois simplesmente não o experienciavam.
A diferença entre uma mulher negra, classe baixa ou homossexual era, (e ainda é nos dias de hoje), evidente em relação a mulheres brancas, hetero e de classe media alta. Por exemplo, mulheres negras precisavam lutar contra a escravidão que sofriam, inclusive por parte de mulheres brancas. Elas acreditavam então, que sofriam uma dupla opressão: raça e género. Como tal, foi naturalmente necessário a criação de várias vertentes do feminismo.
Sempre olhei para mim própria como uma defensora de todas as minorias. Bem, talvez não sempre, mas desde que me descobri feminista. Acredito, e acredito meeeesmo, que somos todos/as iguais e que todos/as merecemos respeito; não consigo perceber o porquê de diferenciar as pessoas seja pelo que for. No entanto, ultimamente precisava me enquadrar em algum lado pois muitas vezes não posso mesmo acompanhar certas lutas, outras vezes nem sequer compreender.
Decidi fazer uma análise sobre as diferenças entre o feminismo liberal e o feminismo radical pois, hoje, acho o interseccional utópico no sentido em que é um feminismo inclusivo e com boas intenções mas, não acredito que seja eficaz na nossa sociedade. Obviamente, em relação ao feminismo negro não vou falar pois sou branca, e como tal, não me posso enquadrar nas lutas negras.
O feminismo liberal defende que a igualdade de género na sociedade deve ser implementada por meio de reformas políticas e legais, através da conquista de mais representatividade política e económica, como a ascensão de mulheres na política, empresas etc. Este feminismo tem sido chamado de "feminismo pop", pois é o feminismo mais defendido e apoiado pelos famosos/as. Um bom exemplo de feminismo liberal é a iniciativa de Emma Watson: #Heforshe, que pretende chamar e sensibilizar a os homens para o feminismo.
As liberais aceitam homens no feminismo.
O feminismo radical é muitas vezes mal interpretado precisamente pelo seu nome "Radical". No entanto, radical apenas significa raiz, ou seja, o feminismo radical quer chegar há raiz da opressão feminina, que acredita ser os papeis sociais inerentes ao género. As radicais vêm a sociedade como grupos de pessoas e não indivíduos; Não acreditam na essência do feminino e do masculino, refutando que o género foi criado para que haja uma hierarquia numa sociedade que desde logo foi enaltecendo o masculino; São contra a imposição das cores, certo tipos de brinquedos e acessórios, roupas, e até acções relacionadas com o género. Resumindo, elas defendem que para sermos iguais, homens e mulheres, teríamos que ir à origem de tudo, mudar costumes, linguagens e sociedades desde a sua raiz.
As radicais não querem homens no feminismo.
Estes dois tipos de feminismo são completamente opostos na sua maneira de defender o direito das mulheres:
Enquanto as liberais são a favor da liberdade de escolha, o direito a fazer o que quisermos com o nosso corpo, as radicais acreditam que o facto de uma mulher sentir necessidade de fazer certas coisas está ligado a um culto que nos é incutido desde infância em que não nos apercebemos que estamos inseridas, mas que nos molda sem nos aperceber-mos.
Em relação à sexualidade as liberais acreditam que os/as heterossexuais são heterossexuais porque querem, mas as radicais contrariam completamente, dizendo que desde que nascemos somos condicionados/as à heterossexualidade e que as estruturas moldam a nossa vontade.
Acredito no feminismo radical e concordo plenamente, no entanto defendo a liberdade de escolha a todo o custo, mas consigo perceber perfeitamente a posição 'radicalista' em relação a mesma.
Numa sociedade onde a diferença de géneros ainda é tão evidente, precisamos de lutar. Somos todas mulheres, somos todas feministas, somos todas juntas a lutar por um futuro sem opressão...
Negra, liberal, radical ou interseccional, dá-me a tua mão, levanta-te do chão 
Juntas vamos caminhar
Porque ainda precisamos de lutar!

UmaCabeleireiraFeminista
umacabeleireirafeminista.wordpress.com

Um Poema


Chamaram-te menina porque nasceste com uma vagina.
Fizeram-te acreditar num mundo onde a desigualdade é a perfeição.
Fizeram-te crer que sofrer não é opção.

"Agora és mulher" porque a vagina sangrou
mas não penses que o mundo mudou
Acredita, o martírio ainda agora começou.

Podes ser livre, mas só dentro de casa
pois se te apanham na rua
A opção foi tua

Podes ser tu própria, mas nunca cá fora
"Dá-te ao respeito mulher
Fecha a boca, fecha as pernas, essa agora!"

Podes amar, mas só quem Deus mandar
trata bem o teu homem
ele sabe bem onde as encontrar

Nasces-te com uma vagina e por isso te chamaram de menina
mas tu não és menina,
ou pelo menos não o que dizem que isso é,
Tu és só uma pessoa que não consegue acreditar
que o que temos no meio das pernas nos pode diferenciar!

UmaCabeleireiraFeminista
umacabeleireirafeminista.wordpress.com

Barbara Kruger - Uma artista. Uma activista.


Este texto foi publicado no blog https://umacabeleireirafeminista.wordpress.com/ no dia 22 de Abril de 2016

Barbara Kruger nasceu em 1945 em New Jersey, foi fotógrafa nas revistas Mademoiselle e House & Garden onde captou a atenção dos leitores com o seu estilo muito próprio de colagens com frases em imagens. No entanto, não foi como fotógrafa que Barbara se destacou perante a sociedade em todo o mundo mas sim, pelo seu lado artístico e revolucionário que mais tarde se revelou.
Foi por volta dos anos 80 que Barbara se começou a destacar com o seu próprio trabalho, feminista e revolucionário como a própria, irónico e crítico em relação à violência, consumismo, discriminação, entre outros. As suas imagens, (colagens em cores como o vermelho, em contraste com as imagens a preto e branco), imitam o vocabulário de propaganda e invertem o conceito da Imagem. São como que um convite ao activismo.
Barbara cria assim, uma fusão entre os conceitos de arte e publicidade. O seu interesse? Intervir nas linguagens e ideologias da sociedade: desconstruir conceitos.
Neste artigo vou falar detalhadamente apenas de três das imagens mais polêmicas de Barbara mas aconselho a procurarem o seu trabalho que é realmente interessante e ainda facilmente adaptável aos dias de hoje, infelizmente.
"Your Body Is A Battleground" - A legalização do aborto.
img_0384
Este poster foi criado para ser usado numa marcha pelos direitos das mulheres em Washington (1989). Com esta imagem, Barbara conjuga a construção da identidade feminina com o tema do direito ao próprio corpo diante de imposições dos patriarcado.
"I Shop Therefore I Am" - Uma crítica ao consumismo.
image
Kruger reformulou a frase do famoso filósofo Decartes - "I think therefore I Am" e, transformou-o num ataque à reconstruçao da sociedade que se deu nos anos 80; o famoso "Boom Time", quando se substituiu o 'pensar' pelo 'comprar'. Esta crítica ao capitalismo (1990) foi exposta em sacos de compras, t-shirts e outros produtos ligados ao consumismo.
"Not Stupid Enough" - Os ideais de beleza impostos pela sociedade.
img_0383
Esta foto de Marilyn faz parte de uma coleção de posters lançados em 1997 com outras caras e outras frases, tais como "not ugly  enough" "not cruel enought" , entre outros. Uma tentativa de chamar a atenção para as imposições a que cedemos diariamente em relação aos padrões de beleza e personalidade que a sociedade nos impõe. A utilização da foto da Marilyn Monroe ataca o clichê de "loira burra" e a ideia de que ser bonita e inteligente não é possível.

Foi também na década de 90 que Kruger começou a incorporar esculturas no seu trabalho. "Justice" foi o nome que Barbara deu à sua escultura em fibra de vidro (1997) que retrata um beijo entre dois políticos (J. Edgar Hoover e Roy Cohn). Estes, duas figuras políticas de direita, esconderiam a sua homossexualidade em retorno de poder político.
E assim, Barbara critica e retrata a conspiração de silêncio na política.
image

Hoje em dia Barbara continua a dar que falar e, o seu trabalho, mais presente que nunca. A sua mais recente obra está pintada num muro em 22nd Street.
"Blind idealism is reactionary scary deadly" (com as palavras "reactionary scary" riscadas), é a frase pintada no mural como podem ver na imagem:
image
Mais uma crítica ao poder e à cultura numa altura crítica em que Donald Trump se candidata a presidente e bombas explodem por todo o mundo.
Infelizmente, talvez a arte hoje em dia não tenha tanto impacto como nos anos 80, talvez as pessoas estejam cada vez mais robóticas, desligadas e acostumadas... no entanto é muito bom saber que existem ainda artistas revolucionárias(os) com espírito activista... só espero é que se construam muitos mais...

Na nossa página do facebook podem consultar um álbum com os vários trabalhos de Barbara Kruger.

UmaCabeleireiraFeminista
umacabeleireirafeminista.wordpress.com

Despedi-me! Encontrei-me.


Este texto foi publicado no blog umacabeleireirafeminista.wordpress.com no dia 19 de Abril de 2016

Despedi-me. E agora? Agora escrevo sobre isso.  
Até que ponto devemos deixar que alguém calque os nossos valores... Até que ponto podemos aguentar a humilhação disfarçada de piada... Até que ponto temos de fingir não ouvir, não ser, não sentir... Por um emprego neste país? 
Considero-me uma defensora da igualdade, dos direitos humanos e do respeito... uma pessoa segura e convicta das suas escolhas... Mas precisei que me abrissem os olhos para perceber que se estava a ser abusada e injustiçada, tinha de agir. 
Hoje despedi-me. Fui trabalhar com a certeza de que tinha força para aguentar isto pelo menos até ao fim do mês, ou até arranjar outro emprego, mas passado duas horas estou em casa.
 A minha patroa é uma senhora que à primeira vista é muito querida e engraçada mas não é preciso muito para se perceber que esse "engraçada" está de braço dado com o 'maluca' que só mais tarde se revela. 
Nos meus primeiros dias foi crescendo uma amizade entre nós... Eu ajudava-a com tudo o que precisasse, inclusive gostava de lhe falar de feminismos, de discriminações etc, e ela parecia entender e concordar. Cheguei até a ter muito carinho pela senhora por, inocentemente, acreditar na sua pureza e bondade... Porque ela me fazia sentir esperança no futuro... Mas isso passou rápido. 
Primeiro veio a pena e a tentativa de compreender uma senhora cuja vida foi difícil, com idade já avançada que talvez só precisasse de um desconto; depois veio a revolta de ouvir e calar, o sentimento de humilhação em frente aos clientes e a desilusão, pois tinha muita esperança neste emprego; logo de seguida, quase no mesmo momento, veio o medo... O "e agora?" ... Tenho pouca experiência na área e tenho de começar tudo de novo.
Tive medo, chorei e levei na cabeça da minha namorada que, com razão, me chamou de hipócrita por aceitar algo em que não acredito, ou por defender algo que não pratico! 
Hoje fui trabalhar e ela estava impossível, insinuou que sou porca, que não faço nada e que sou mal educada. Chamou-me isto tudo depois de passar um mês e meio a enaltecer-me como "menina bem educada" , "limpinha" e "trabalhadora" . Provavelmente estava chateada porque eu a semana passada lhe pedi para não me tratar assim ou por ter ido ao médico e descobrir que tem uma depressão! 
Eu não tenho culpa disso minha Senhora! Eu sou uma pessoa muito ansiosa e não venho para aqui chorar, não a chateio com os meus problemas e não a chamo de 'P*ta velha' (ela chamava-me P*ta pequena, segundo ela, carinhosamente). 
Despedi-me! Passei-me! E senti-me bem... Sinto-me bem... Sinto que agi segundo os meus valores e não me interessa o que os outros possam pensar. Estou aliviada, sinto-me EU, sinto-me bem!
Em Portugal, tal como em muitos outros Países, dizem que não há emprego. O emprego existe, mas nem todos os conseguem. Sei que vai ser difícil encontrar emprego, sou cabeleireira e já sofri discriminação no emprego devido ao meus aspeto, ao meu CABELO. Às vezes é azul, outras vezes rosa, outras vezes nem eu sei. Às vezes é curtíssimo, outras vezes um bocadinho maior. Tenho um piercings no nariz e tatuagens. Obviamente, vou ter dificuldade em arranjar emprego, mas vou conseguir. Acredito em mim, e mais que isso ainda acredito na humanidade apesar da desilusão de hoje. 
O que eu sofri foi humilhação mas foi também discriminação. A minha ex patroa foi muito rica, teve muitos criados num tempo que não é o de agora. Foi assim que ela me tratou, como uma criada dos anos 20. 
Aquela pessoa que eu pensava ser diferente afinal era igual ou pior do que aqueles que ela própria critíca. 
Mais uma desilusão, mais uma lição de vida! Mais uma prova de que ainda precisamos de lutar!

UmaCabeleireiraFeminista

Uma mulher machista e eu em desespero!



Este texto foi publicado no blog umacabeleireirafeminista.wordpress.com no dia 15 de Abril de 2016



Não é que eu tenha nada contra a senhora, mas não consigo ter uma conversa com ela. Não a quero chamar de burra porque talvez ela não tenha mesmo culpa da sua limitação. Talvez ela até tenha capacidade para mais, só que nunca ninguém lhe mostrou o outro lado.

Se calhar nasceu no meio errado, cresceu num mundo fechado, OK!

E que tal abrir essa mente, parar de bloquear o cérebro...que tal questionar? Nós podemos ter melhor. Sim, existe melhor!
Eu podia dizer que desisti , mas custa-me desistir de alguém com quem tenho de lidar todos os dias .
Preciso de ajuda para saber como lidar com esta senhora, preciso de ajuda porque não sei mesmo como fazer. Queria provar-lhe que se o filho é mais 'infantil' do que as meninas não é por ser rapaz, mas sim, porque a mamã o protege; queria consciencializa-lá em relação aos animais e à natureza; queria que ela parasse simplesmente de se justificar com "há mas ele é menino", "há mas ela é menina" " e é por isso que..." ; gostava de ver que se importa com o que digo mas vejo que nem sequer me ouve. Finge que não vive neste mundo, não quer encarar a realidade, fecha os olhos nas verdades e sorri para as mentiras. Mais uma figura que retrata bem a nossa sociedade, mais um ser humano mascarado, maquilhado... Mas podre por dentro. Um ser humano que matou a igualdade, a diversidade, matou a sua essência no dia em que compactuou com a indiferença.
O que fazemos com estas pessoas que não nos querem ouvir? O que fazemos com uma mulher que acha bem associar sexos a comportamentos e atitudes... Uma mulher que insiste em diminuir-se a si própria só porque é mulher?!
Por isso que não basta barafustar, é preciso chocar! Só chocando conseguimos a atenção do outro. O outro que acha que vive bem na desigualdade... que se acha o rei da verdade.
Vamos trazer todas as mulheres para o feminismo custe o que custar! Porque ainda precisamos de lutar!


UmaCabeleireiraFeminista

terça-feira, 24 de maio de 2016

Simone De Beauvoir - Uma mulher atual


No dia em que se assinalou o trigésimo aniversário da morte de Simone, escrevi um post no Blog sobre aquela que foi a feminista e muitas outras coisas. Um exemplo para nós que defendemos a igualdade. 

"Não se nasce mulher, torna-se mulher" 

Leiam aqui:
umacabeleireirafeminista.wordpress.com

Uma Cabeleireira Feminista

Trabalho como cabeleireira, sou cantora e feminista. Sou também uma defensora de todas as minorias, sou utópica e sonhadora. Quero mudar o mundo, conhecer pessoas, quero deixar de escrever, quero fazer.
E aqui estou eu, num salão de cabeleireiro, obrigada a lidar com mentes bloqueadas pela sociedade, todos os dias.
Não se enganem, eu adoro ser cabeleireira, adoro o que faço, mas cada vez tenho menos paciência para dar um desconto à Dra.X (que só depois de me conhecer durante meses e da minha patroa lhe falar bem de mim é que percebe que não sou nenhuma ladra ou drogada e que o meu cabelo e os meus piercings não fazem de mim má pessoa). E, mesmo assim, a Dra. continua a achar que eu sou a exceção dos "jovens d'agora" e que provavelmente tive uma infância terrível. Bem, mas isto já seria outro post.

Resumindo neste blog vou falar da vida de cabeleireira, mas não só. Vou dar dicas sobre cabelos, partilhar alguns trabalhos e falar de vários assuntos da atualidade(assuntos LGBT, feministas, sobre racismo, xenofobia e discriminação em geral).
Sintam-se livres para sugerir tópicos e colocar questões em: umacabeleireirafeminista@gmail.com